Outro dia encontrei o site de uma grande igreja americana, a NEW LIFE CHURCH. Fiquei impressionado com a organização de tudo, desde os cultos, escola de adoração, ministério de louvor e de jovens, mensagens e louvores gravados em vídeo, e até mesmo um centro de oração mundial que eles mantém em sua sede. Iniciativas que inspiram vôos mais altos em nossos ministérios brasileiros.
O que mais me impressionou foi uma seção chamada "Create Your Own Worship Experience". Nela o usuário do site pode criar o culto que ele quiser, selecionando três das músicas do ministério de louvor da igreja na ordem desejada, e escolhendo em seguida uma das mensagens gravadas.
Confesso que de início a coisa toda me incomodou. Parecia mais uma fastfoodização da fé. Como nos combos do McDonalds, onde eu posso escolher qual sanduíche virá com o refrigerante que eu quero, mais a batata ou o brinquedinho pro sobrinho.
Mas depois de escolher as músicas e qual mensagem queria ouvir, só então vi que...
...continuo achando a mesma coisa. :-)
Isso não é de forma alguma demérito à adoração desses irmãos que cantam e pregam. Pelo contrário, fui muito edificado com os louvores e com a mensagem e creio que foram totalmente sinceros no culto que prestaram a Deus. Se bobear, é possível que futuramente até o meu ministério implemente algo similar. Claro, sem esse aspecto de consumo.
Não sou de me apegar ao passado por ranço não. Os cultos e louvores gravados são consequência natural do uso da comunicação na igreja, e a Palavra deve ser pregada com a tecnologia também. Também não apóio qualquer tentativa de manter a Igreja numa de homem das cavernas australopitecus em nome de uma falsa aura de santidade tradicional que na verdade só serve para encobrir o saudosimos de alguns.
O caso aqui é que já participei de experiências de adoração à distância, em DVD e pela internet. Todas com significado e verdadeira adoração da minha parte. Mas enquanto participava delas era claro que aquela experiência, isolada de outras pessoas e dos executantes, podia ser um bálsamo para a alma mas nunca teria a mesma profundidade que há em uma boa adoração comunitária de uma igreja local.
Nada se compara a ver a mensagem cantada ser eco verdadeiro da vida de quem canta, e ver nessa coerência que Deus age e pode agir na minha vida também. Até o inverso é verdadeiro: não há paralelos para a santa ira que nos toma quando vemos um dirigente de louvor hipócrita cantando algo que não vive, e nos compele a levar este irmão a uma mudança de vida em amor.
Sempre gostei muito de uma música chamada "Bem Supremo", uma paráfrase ampliada de Jó 42 feita pelo Adhemar de Campos. Marcou muito a minha adolescência, e me ajudou em muitas derrotas para o pecado. Até que um dia vi o próprio Adhemar contar que compôs essa música por ocasião do nascimento de uma filha, após tentativas e mortes de bebês anteriores. A música que já era um marco de fé pra mim ganhou mais vida ainda. Não era mais uma mera junção de poesia e melodia, mas o testemunho da intervenção de Deus na vida de um homem falho como eu.
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Entre o louvor e a mensagem do pastor na "worship experience" havia uns 2 minutos de avisos e comunicações da igreja. Quebrou um pouco o clima de devoção em que eu estava, mas me deu ótimas idéias para a parte de comunicação do ministério. Mas ao contrário do que acontece nos cultos, eu poderia apenas ter passado direto para o sermão e pulado os avisos.
Talvez seja isso que mais me incomode na iniciativa: o culto-combo me priva da vida real da igreja, dando apenas o que eu acho necessário ou o que eu mais gosto. Muitos dos momentos mais edificantes da minha vida vieram de cultos que eu definitivamente não teria escolhido num combo pela internet.
Vou colocar outros "combos" para tocar enquanto trabalho aqui, mas sempre esperando pelo domingo, onde poderei viver uma experiência de adoração com o que Deus mais ama: pessoas.
